16 de abril de 2012

Pújá :: Oferenda de energia


Pújá pode ter vários significados. Oferenda, honra ou retribuiçõa de energia ou de força interior, são formas pelas quais nos referimos ao pújá na estirpe Dakshinacharatántrika - Niríshwarasámkhya Yôga. Mas o termo pode significar também homenagem aos superiores, adorar, prestar culto, venerar, honrar, reverenciar. 
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O conceito de pújá possui primeiramente duas divisões: báhya pújá (externo, expresso com oferendas materiais) e manasika pújá (interno, manifestado por meio de mentalização e atitude interior).
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Na verdade, não importa o que você esteja ofertando. Importa é o sentimento, a intenção e a intensidade com os quais o pújá esteja sendo feito. A partir daí, podemos dizer que há um número infinito de variações, tanto de báhya pújá, quanto de manasika pújá.
Na prática regular de Yôga, aplica-se mais o manasika pújá, reservando-se o báhya pújá para circunstâncias cerimoniais, sociais e festivas.
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O manasika pújá faz-se com profunda concentração e visualizando linhas, raios ou jatos de luz partindo do coração do praticante ou discípulo (dependendo do seu grau de identificação) em direção ao Mestre, envolvendo-o e impregnando-o com a energia de carinho, amor, lealdade e apoio daquele que transmite o pújá.

A visualização terá muito mais validade se for potencializada por um sentimento verdadeiro, honesto e intenso. Essa luz pode ser visualizada com a coloração amarelo-ouro, diáfana e brilhante, como o são em geral os fachos de luz, ou pode tomar as características cromáticas daquilo que se deseja melhor transmitir: se for saúde física e vitalidade, luz alaranjada; se for saúde generalizada com redução de stress, verde claro; se for paz e serenidade, luz azul celeste; se for afeto, rosa; se for para auxiliar uma superação kármica, violeta.

No entanto, de pouco adianta apenas visualizarmos cores ou mentalizarmos circunstâncias positivas se não pusermos mãos à obra. Seria muito semelhante àquelas pessoas que ficam só rezando para que a vida melhore, para que o dinheiro entre, para passar nas provas da faculdade, mas sem fazer por onde - esperando ganhar dinheiro sem trabalhar, ou ser aprovado nos exames sem estudar. Por exemplo, no pújá ao Mestre, como parte objetiva do pújá, é necessário realizar ações efetivas  e concretas (pújá Karman) em prol da obra e da pessoa do Mestre.

Na prática ortodoxa de SwáSthya Yôga convencionaram-se quatro segmentos de pújá:
  1. ) Bhavana pújá - ao local que acolhe os praticantes e que fica impregnado de forças positivas;
  2. ) Guru pújá - ao instrutor que ministra a prática em curso, representante de Shiva;
  3. ) Satguru pújá - ao Mestre vivo mais antigo da nossa linhagem, que transmite a ele a força de Shiva;
  4. ) Shiva pújá - ao criador do Yôga.
Para quê o pújá? 

A função do pújá é estabelecer uma corrente de sintonia entre o discípulo e o Mestre e, logo em seguida, realizar energeticamente o fenômeno dos vasos comunicantes: aquele que tem mais deixa fluir para aquele que tem menos. Quem tem mais força e conhecimento é o Mestre. Contudo, pela Lei Natural de Ação e Reação, se o discípulo tomar uma atitude vampiresca e parasitária de querer receber, gera um campo de força, de reação, que bloqueia tudo. Por outro lado, se o discípulo educado trata de somente enviar uma oferenda de bons sentimentos e mentalizações ao seu Mestre, gera-se um campo de força favorável à identificação entre ambos, consequentemente, ocorre um jorro de retorno àquele que fez a emissão original.
Mas atenção: não se faz pújá com segundas intenções, para receber o beneficio do retorno de energia. Isso seria sequela de uma educação religiosa deturpada, em que a pessoa quase sempre reza para pedir algo, ao invés de manifestar o comportamento mais digno que seria orar para oferecer algo.

Para quem se faz pújá
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Quando entre pessoas, o púja faz-se somente em sentido ascendente, ou seja, do inferior ao superior hierárquico. Assim, um devoto pode fazer pújá à sua divindade, um filho pode fazer pújá ao seu pai ou mãe, e o discípulo ao Mestre, mas o contrário não.
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O importante é o praticante saber que o pújá é a parte da etiqueta e das boas maneiras yôgis ( consulte o livro Método de boas maneiras deste autor).(...) O pújá é como se fosse o agradecimento prévio pelo que ainda vai ser feito. É um "muito obrigado" dito pelo aluno antes da aula, assim que chega para a classe. É a maçã que a criança leva espontaneamente para a sua professora primária. 
In Tratado de Yôga, DeRose

Bibliografia recomendada:
Pújá, a força da gratidão, Mestre Sérgio Santos